As Eleições e o Factóide: Aperte F! e Confirme
Já que se falou tanto a palavra “Factóide” por esses dias, chegou a hora do Factóide escrever um pouco sobre essas eleições 2.010.
Inicialmente, em um rompante de patriotismo a vontade era declarar todos os nossos votos e justifica-los.
Mas não conseguimos fazer isso nem para o VMB (foi merecida a vitória do BoSS in Drama, mas o KotD ou ZéMaria poderiam ter levado, e não colocar o Cohen na lista foi um crime).
Portanto, o que nos resta é o Direito de Resposta por usarem tanto o nome do blog em toda a mídia durante esses dias.
1. Você não é obrigado a votar. Só a comparecer.
O voto não é obrigatório. Obrigatório é ir até a sua sessão, ver a cidade emporcalhada de papel no chão.
Mas lá dentro da cabine, frente a frente com o “microondas tunado”, você pode ainda optar em anular ou “votar” em branco.
2. Mas o Voto Nulo adianta então?
Sempre vai existir uma pessoa para balançar a bandeira do voto nulo. Tudo isso graças a uma possibilidade constitucional de haver outra eleição com candidatos diferentes se os votos nulos chegarem a maioria.
Parece uma maravilha não? Mas além de ser impossível de mobilizar dezenas de milhões de eleitores, o que aconteceria se por um acaso a possibilidade constitucional viesse a acontecer?
Uma (hor)Rorizada geral todo mundo colocaria seu conjuge, irmão, tio, cachorro, periquito ou papagaio para concorrer em seu lugar.
Portanto se você acordou cedo, pegou fila, passou calor (e/ou tomou chuva), vote. Mas…
3. A Hora Certa.
Não chegue cedo, por que você pode ser legalmente obrigado a assumir um posto na sua sessão de votação se tiver alguma vaga vazia.
4. Lei Seca.
Por enquanto a unica Lei Seca é aquela que “proíbe” a chuva. Quem nunca festou antes de uma eleição?
Aproveite para festejar antes, já que muitos eleitos vão festejar depois, na sua conta.
Só não vala chegar a sua zona eleitoral cantando “Varre Varre Vassourinha” (nem panamericano, já que as eleições são só aqui para o Brasil).
5. Mas o meu voto conta?
A resposta, ao contrário do que costumam falar, é Não.
Isso não foi dito por ninguém daqui, e sim por Steven D. Levitt, autor do livro Freakonomics (que tem ótimo blog homônimo).
Por um acaso, você espera que uma eleição majoritária seja definida por uma diferença de um voto? Então…
6. Mas Votar em Quem?
A hora do voto deveria ser a hora do egoísmo.
Se você gosta de festas, por exemplo.
Procure um meio termo, não adianta votar naquele que promete vedar todas as festas (como os recorrentes comunicadores que gostam de pegar no pé de “rave”), mas também pense que o poder público deve regularizar a festa.
Diminuição de danos, fiscalização e um pouco de cultura são boas “tags” para esse candidato.
Se todos fossem egoístas, quem tivesse os “mesmos egoísmos” elegeria o candidato e talvez pudesse se falar na tal de Democracia.
7. Você tem certeza que quer jogar com dois senadores?
O voto em dois nomes para o mesmo cargo cria uma situação interessante.
Se votares em dois nomes que disputam entre si estará na prática anulando seu voto ou deixando para os outros decidirem.
Mas seu voto não importa, né? Valeria apena votar em apenas um senador?
8. Mas e um pouquinho de corrupção vai?
O “Rouba mas Faz” também é sempre desenterrado.
A Lei da Ficha limpa (que foi alvo do maior olé legal na semana passada, mesmo com duplos mortais twists carpados hermenêuticos) não precisaria ser necessária. Basta ler um jornalzinho de vez enquando.
9. Como não perder seu voto.
Como o já citado “Rouba mas Faz” muita gente preza por não perder voto, ou seja, votar no candidato vencedor e passar um recibo de “Eu faço parte do Rebanho” para toda a galera.
A melhor maneira de não perder seu voto é votar no que você acredita que vai ser bom para você, sua família e seus amigos.
O seu voto não vai decidir nada mesmo…
10. Vai uma Ostra ai?
Pense positivo, mesmo que esse post não sirva par nada, você terá duas boas dicas literarias, a primeira está no item 5 e a outra vem a seguir.
No excelente Fogo Persa, Tom Holland conta mais uma das práticas esquisitas da Grécia antiga.
Além de votar em quem deveria governar Atenas, a minoria votante ainda poderia colocar uma ostra em uma pilha que significava cada candidato.
O candidato com mais ostras ganharia um magnífico exílio forçado e temporário da cidade, isso era usado para que uma pessoa não fosse eleita várias vezes e tomasse tendências tirânicas.
Dessa prática surgiu a expressão Ostracismo, e para isso (como para a Ficha Limpa), não há necessidade de Lei.
Basta que em frente à urna eletrônica, se lembre que o mandato eletivo é temporário e há algo de errado de quem faz isso uma profissão.
Ahhh…. tenas.
Acaba aqui o papo sério gratuito, pode ir pro 5 pras Set.
PS: Pelo texto consegue adivinhar algum voto do autor do texto?
Originally published at factoide.com.br on September 28, 2010.